Um dia muito longo. Acordamos cedo, café da manhã preparado com carinho, mas meu corpo ainda não queria saber de comer. Ele tinha muito a digerir internamente...
Achei que seria um dia dificil já que não havia me alimentado apropriadamente. E foi aí que aprendi na prática que a palavra apropriado, correto, adequado, ideal não quer dizer nada. São padrões da nossa mente racional, e que temos muita energia guardada, por mais que não sabemos onde.
Portanto, peguei meu cajado e segui, mais um dia caminhando. Trajeto mais fácil, muito mais plano. A floresta tropical nos rodeando. Teias de aranhas lindas em formas de funil e sua rede aberta coletando todo o orvalho da madrugada. Parecia uma obra de arte. Muitas frutas nas bordas: morangos silvestres, maracujas. Cachoeiras lindas cruzando o tempo todo nosso caminho. Calor e sol, muito sol. Caminhei quase o tempo todo sozinha e em silêncio. Silêncio completo, interno e externo.
Foram 13 km de caminhada. Não é muito, fácil de fazer. Mas os musculos estavam cansados da descida do dia anterior. Quando chegamos ao acampamento, tivemos que subir uma escadaria que para as minhas pernas pareciam o fim do mundo. Com o tempo a dor melhorou. Mais um aprendizado (Budismo na pratica): a vida é impermanência! Tudo passa, deixe que a dor passe por você!
No final do dia um brinde aos músculos guerreiros. Águas quentes para um banho em um poço recém descoberto após as enchentes do ano anterior. Uma antiga piscina natural no meio de uma paisagem que mais lembrava a lua. O rio coberto de pedras, a pequena cidade de Santa Tereza sofreu muito com as chuvas. Mas fomos abençoados com essa descoberta poucos dias antes.
Meu corpo agradecido pelo banho, pela comida quentinha e pela noite de sono ao lado do rio. Noite quente ao som da correnteza. Uma delicia!
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