terça-feira, 1 de setembro de 2009

Curso de Meditação - Modulo I

Minha busca por uma "mente pacificada e um coração apaziguado" começou muito cedo, quando eu ainda era uma pré-adolescente de 11 anos. Naquela época já praticava o Tai chi chuan e através dele conseguia uma paz interior que meus hormônios na época não permitiam naturalmente. E durante essas práticas percebia as mudanças no meu comportamento e me interessei por metodologias que ampliasse essa experiência no dia a dia.
Bem, meus leitores queridos, ao longo de todos esses anos, de tentativas e persistências e desistências, confesso a vocês que não é tarefa fácil. Estou caminhando sempre, mas minhas expectativas sempre me derrubam, pois como aprendi com minha querida amiga e mestre Vivi, neste maravilhoso percurso, expectativas não se aplicam a esse estado que quero encontrar.
Por esse motivo que mais uma vez iremos promover o Curso de Práticas Meditativas para iniciantes. Para você que esta buscando metodologias, experiências e muito conhecimento. Em grupo a meditação toma forma e o entusiasmo dos companheiros nos ajudam nessa jornada... interior, misteriosa, mas poderosa, curadora e revigorante.


Esse texto que segue é a descrição maravilhosa dessas etapas que temos que percorrer para controlar essas vozes que habitam nossa mente. Aqueles que ja fizeram os modulos I e II deste curso entenderão perfeitamente essa experiência. Aos aspirantes, deixo para ampliar a curiosidade e motivação!

Caminho da meditação estabilizadora
(Kalu Rinpoche, in “Luminous mind: the way of the Buddha”. Compilado p/ Denis Töndrup,trad. p/ Maria Montenegro, prefácio de S.S. o Dalai Lama.Boston:Wisdom,1997. pág. 157-158).




Os nove estágios do caminho da meditação estabilizadora
(desenho tibetano)

Esta ilustração é a reprodução de um desenho tibetano que representa nove cenas, os nove estágios do caminho da meditação estabilizadora ou shamatha.

Há dois personagens: o homem - o meditador, o observador - e o elefante, que representa sua mente. Para desenvolver shamatha, a mente usa duas ferramentas: a atenção e a lembrança . A afiada machadinha representa a acuidade da atenção vigilante; a corda com um gancho é a lembrança da prática . Já que muitas distrações interrompem seu estado alerta, vigilante, o meditador deve retornar a ele através de constantes lembranças. A vigilância é a acuidade na base da meditação e a lembrança assegura sua continuidade. O estado de shamatha tem dois obstáculos principais: o primeiro é a agitação ou dispersão criada pela fixação sobre pensamentos e emoções passageiros; o segundo é o torpor ou preguiça, a estagnação mental . O torpor é representado pela cor preta do elefante e a agitação pelo macaco. O fogo que diminui ao longo do caminho representa a energia da meditação. Conforme avançamos, a prática requer menos e menos esforço.

As seis curvas ou voltas no caminho marcam seis platôs, masterizados sucessivamente pelas seis forças da prática, que são: ouvir as instruções, assimilá-las, lembrá-las, vigilância, perseverança e hábito perfeito . Ao lado da estrada há diferentes objetos: um katha, algumas frutas, uma concha cheia de água perfumada, pequenos címbalos e um espelho, representando os objetos dos sentidos; objetos tangíveis, sabores, odores, sons e formas visuais, que distraem o meditador, que se desvia do caminho do shamatha ao segui-los.

[1] Na base da ilustração, no primeiro estágio, há uma distância consideravelmente grande entre o meditador e sua mente. O elefante da mente é guiado pelo macaco - a agitação. O grande fogo mostra que a meditação requer bastante energia. Os obstáculos são os piores possíveis; tudo está preto.

[2] No segundo estágio, o meditador chega mais próximo do elefante, por causa de sua atenção. O macaco — a agitação — ainda conduz a mente, mas o ritmo diminui. A estagnação e a agitação diminuem; algum branco infiltra-se no preto do elefante e do macaco.

[3] No terceiro estágio, o meditador não mais caça a sua mente; agora eles estão face a face. O macaco ainda está à frente, mas não conduz mais o elefante. O contato entre o meditador e a mente é estabelecido pela corda da lembrança. Ocorre uma forma sutil de estagnação, representada por um pequeno coelho. A escuridão da estagnação e da agitação diminui.

[4] No quarto estágio, o progresso torna-se mais claro e o meditador chega ainda mais perto do elefante. A alvura do macaco, do elefante e do coelho aumenta. A cena torna-se mais clara.

[5] No quinto estágio, a situação torna-se invertida. O meditador conduz o elefante da mente com a atenção e lembrança contínuas. O macaco não conduz mais, porém o coelho ainda está lá. A cena fica ainda mais clara. Em uma árvore próxima, um macaco branco pega uma fruta. Isto representa a atividade da mente ao se engajar em ações positivas. Apesar dessas ações normalmente precisarem ser cultivadas, ainda há distrações no contexto da prática do shamatha; é por isso que ela é preta e está fora do caminho.

[6] No sexto estágio, o progresso é mais definitivo. O meditador conduz e a lembrança é constante; ele não tem mais que colocar sua atenção sobre a mente. O coelho se foi e a situação torna-se cada vez mais clara.

[7] No sétimo estágio, a cena torna-se muito pacífica. A caminhada não mais requer direção. A cena torna-se quase completamente transparente. Alguns sinais de preto indicam pontos de dificuldade.

[8] No oitavo estágio, o elefante anda domado pelo meditador. Não há virtualmente mais nenhum preto e a chama do esforço desapareceu. A meditação torna-se natural e contínua.

[9] No nono estágio, a mente e o meditador estão, ambos, completamente em descanso. Eles são como velhos amigos acostumados a estar juntos calmamente. Os obstáculos desaparecem e a meditação estabilizadora é perfeita.
As cenas seguintes, nascidas do raio de luz que emana do coração do meditador, representam a evolução da prática no coração deste estágio de shamatha. A realização do shamatha é caracterizada pela experiência de alegria e radiância, ilustrada pelo meditador voando ou cavalgando sobre as costas do elefante. A última cena refere-se às práticas combinadas de shamatha e vipashyana. A direção é revertida. A mente e a meditação estão unidas; o meditador senta-se escarranchado sobre o elefante. O fogo revela uma nova energia, a da sabedoria, representada pela espada flamejante da sabedoria transcendente, que corta os dois raios negros das aflições mentais e da dualidade.


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